CAIXA DO MÊS | JUNHO 2023
Tempo esquisito
Tempo esquisito, nova coletânea da psicanalista Maria Rita Kehl, traz para o leitor um conjunto de reflexões e análises feitas durante o período da quarentena da Covid-19: “Diante de tanta tristeza, escrever foi uma forma de ocupar o espaço do debate público sem romper o isolamento físico. Uma forma de estar com os outros”, conta a autora no prólogo.
Nos textos, além da questão da saúde pública, Kehl aborda temas recorrentes desde 2019 – início do mandato de Jair Bolsonaro na presidência –, como violência policial, desigualdade social e outros. Há artigos, por exemplo, sobre o linchamento do congolês Moïse Kabagambe, no Rio de Janeiro, em 2021, e também sobre o assassinato de Genivaldo dos Santos, morto pela Polícia Rodoviária Federal, em 2022, em Sergipe. Além, é claro, do olhar sempre voltado à psicanálise, campo principal de atuação de Maria Rita Kehl.
A autora recorre ao conceito de Hannah Arendt sobre a banalidade do mal para estabelecer um paralelo com a realidade brasileira: “Ciente de ter desvirtuado a expressão em relação ao contexto em que fora criada, insisto em resgatá-la aqui para qualificar, com outro sentido, a leviandade com que muitas pessoas se sentem autorizadas a praticar ruindades contra indivíduos vulneráveis. Ou a indiferença com que se eximem de qualquer gesto de solidariedade em relação à multidão de miseráveis que aumenta a cada dia nas cidades do país”, argumenta.
“Coitadinho do Brasil. Está tão caótico, tão sem pé nem cabeça e, ao mesmo tempo, tão solidamente ruim — ruim no sentido de ruindade, pior ainda do que o sentido da falta de qualidade, que aliás também se aplica ao uso atual da palavra, se referida ao nosso país. Ruim como se diz que um doente está ruim em alusão à gravidade de seu estado. Pois o Brasil tem estado solidamente ruim, nos três sentidos da palavra. Malvado, estragado e doente. Chega a ser difícil escrever sobre o país sem falar mal dele. Coitadinho do Brasil.”
Maria Rita Kehl
Maria Rita Kehl é doutora em psicanálise pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e atua, desde 1981, como psicanalista em São Paulo. Entre 2006 e 2011, atendeu na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema (SP). Integrou a Comissão Nacional da Verdade (2012-2014). Foi jornalista de 1974 a 1981 e segue publicando artigos em diversos jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 2010, ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, com a obra O tempo e o cão: a atualidade das depressões (Boitempo). Também pela Boitempo, publicou Videologias: ensaios sobre televisão (2004 – em coautoria com Eugênio Bucci), 18 crônicas e mais algumas (2011), Deslocamentos do feminino (2016), Bovarismo brasileiro (2018), Neném outra vez! (2018 – em parceria com Laerte Coutinho, selo Boitatá), Ressentimento (2020) e O disco-pizza (2021– em parceria com Laerte Coutinho, selo Boitatá).
Christian Dunker comenta a obra de Maria Rita Kehl.
Autor: Alexandre Rampazo
Posfácio: Guilherme Boulos
Quarta capa: Marilda Castanha
Categoria: Leitor em descoberta / a partir de 6 anos
O que você vê
O que pode haver por trás de uma confusão de gente caminhando de um lado para o outro, com histórias e percursos diferentes? O que você vê? Que história contar sobre alguém que você só observa? Podemos analisar as pessoas sem pré-julgamentos? É só com os olhos que enxergamos? E nossa imaginação? É possível enxergar de olhos fechados? E ver de olhos fechados é sonhar?
O que você vê, nova obra do premiado autor e ilustrador Alexandre Rampazo, traz a beleza de ser e estar no mundo, cada um à própria maneira. Delicadamente explorando o ponto de vista de quem observa, mas não pode ser observado, a obra incentiva os pequenos leitores – e também os adultos – a exercitarem o poder de observação, inclusive de quem acaba invisibilizado.
Alexandre Rampazo nasceu em São Paulo, formou-se em design, é autor de livros ilustrados e artista gráfico. Recebeu alguns dos principais reconhecimentos de literatura infantojuvenil no Brasil e no exterior. Pela Boitatá publicou Pinóquio: o livro das pequenas verdades (2019), integrante da IBBY Honour List 2022 (Suíça), vencedor do prêmio FNLIJ de melhor livro para criança e melhor projeto editorial e do Prêmio Cátedra Unesco. Foi ainda finalista dos prêmios Jabuti e da Biblioteca Nacional na categoria Literatura Infantil (2020). Pinóquio figura também na lista de trinta melhores livros infantis do ano da revista Crescer e recebeu o Selo Altamente Recomendável da FNLIJ (2020).
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